quarta-feira, 31 de julho de 2013

Cacique Jenipapo Assu da Tribo Tapuias Paiacus

Hoje 31/07/2013 faz 314 anos do assassinato do maior cacique dos Paiacus -Jenipapuassú. Morto por Morais Navaro no Sitio Laje da Encruzilhada-extrema do RN com o Estado do Ceará.

Datava-se o extermínio de Jenipapuassu 31 de julho de 1699. Acabada a dança dos janduís de Navarro vieram os paiacus ao acampamento bandeirantes e foram então vitimas de uma cilada. Explica o mestre de campo os fatos como decorrentes da mais absoluta defesa.

“Preparei a infantaria em boa ordem, em titulo de vê-la, tocando-lhe caixa dizendo-lhes ser festejo tinham eles ordenado estivesse o principal junto a mim e quando a dança viesse para minha parte viria o irmão com a escolta abraçar-me e ao tempo de abraço investiriam os da dança com ordem que só a mim me deixassem vivo para ao depois me martirizarem. E eu como tinha coligido seu intento a via se não apartava das minhas costas, pus-lhe um dos nossos. Tapuyas e diverti-lo ordenando-lhe que ao mesmo tempo parasse a caixa, que era a senha que estava dada a infantaria para dar carga e o pegasse. Veio o irmão com a sua vinda diante de todos sem armas, e eu assim que vi que era tempo mandei para a caixa de lhe fazer tiro, do qual caiu morto e ao mesmo tempo o tapuia a quem tinha entregue o principal quebrou a cabeça.

Morto Jenipapoassú e seu irmão ordem ou Navarro que cem dos seus infantes, viu brancos carregassem sobre os paiacus enquanto vinte e cinco ficavam de prevenção contra os tapuias aliados, pois podia ser que estes se aproveitassem da circunstância. Para agredirem os bandeirantes. Mas os janduís dominados por aquele ato de tão cruel energia voltaram-se furiosos contra os paiacus deles fazendo enorme morticínio.

Regressando da frutuosa expedição e rompendo pelo centro da campanha teve morais navarro ligeiro combates em duas emboscadas armadas pelos tapuias do Apodi. Deram-lhes surriadas de armas de fogo e fugiram. Perseguidos perderam quatro homens havendo vestígio de que muitos deles houvessem ficado feridos. Acoados meteram-se num carrascal terrível onde os soldados brancos não poderiam acompanha-los. 

A volta do Assu foi muito penosa pela esterilidade das terras atravessadas. Viu o mestre de campo os seus cativos na iminência de morrerem a fome ou a sede. Chegando ao arraial ali supunha poder refazer-se com os mantimentos em depósitos, mas quais só acharam miséria. 

FONTE: A guerra dos bárbaros- Affonso E. Taunay (publicado em 1936)

Apontamentos sobre a política em Locke - Osório Filho

APONTAMENTOS SOBRE A POLÍTICA EM LOCKE¹

José Osório de Lima Filho²

O homem ao viver em sociedade renúncia tácita ou explicitamente o estado de natureza, assim deixa de julgar de acordo com sua vontade, assim como, de punir conforme o que lhe interessa, haja visto, uma maior garantia presente na natureza do estado social com relação a sua propriedade, liberdade e vida. Assim sendo, a construção do acordo recíproco entre os homens oferece a diminuição dos riscos do estado da natureza, muito embora, mesmo com a criação do contrato, a vida, a liberdade, a igualdade e a independência não estão totalmente assegurados, haja visto, a ocorrência de situações que leva o homem de volta ao estado de natureza, assim, os contratos amenizam a anarquia do estado de natureza,  porém não o elimina. O governo pensado por Locke é aquele indivíduo ou instituição que foi escolhido pelo povo para representar seus interesses através das leis civis e justiça imparcial. Já o tirano é aquele ser que usa o seu poder conforme os seus interesses pessoais. Assim, a tirania é ilegítima para governar, pois não foi escolhida pela maioria e não agem em benefício da preservação da propriedade, da vida e da liberdade do povo. Assim o governo procura viabilizar os interesses do povo mediante a manutenção da ordem, que na realidade consiste na conquista da paz, conforto e segurança. O rompimento do contrato do governo com a sociedade e da sociedade com o governo pode ocorrer através: Da arbitrariedade do governo, irresponsabilidade do mesmo, alteração do legislativo, guerra civil, invasão estrangeira, não obediência as decisões da maioria sobre a totalidade, abdicação do governo, entre outras. A arbitrariedade do governante é retratada nas suas ações e estas se não forem de acordo com as leis do contrato entre povo e governante, pode gerar a sua saída do poder, quer dizer, o governante esquece que governa para o povo e começa a rechaça-lo de forma global, logo nasce no povo uma convicção geral da irresponsabilidade do governo e aqueles resolvem destituir o mesmo. No caso do legislativo, legislar para se e quebrar o contrato, pode ocorrer a eliminação, deste pelo povo. Além disso, uma guerra civil gerada pelos interesses de facções pode causar a dissolução do governo, pois este fica impossibilitado de reagir nesta situação de calamidade geral, haja visto a anarquia generalizada. A invasão estrangeira acarreta para a sociedade a perda da soberania e consequentemente a presença de um governo ilegítimo. Contudo, a renúncia do governo e a desobediência às decisões da maioria sobre a totalidade ocasiona a extinção do compromisso da comunidade política, pois a anarquia passa a reinar, bem como, o estado de natureza se sobrepõe a natureza do estado. 

1. Paper.
2. Professor de história.

Vida, aquarela do saber - Maria Luiza

A vida é um palco,
onde somos verdadeiros artistas.
Por vezes, coadjuvantes,
protagonistas, equilibristas.
Pintamos com cores diferentes
cada dia, cada presente,
Exteriorizando o que há em nosso interior,
criando, reformulando, modelando
O que somos,
Os nossos personagens.

Viver é um tarefa complexa,
(des)conexa?
Quando se deseja melhorar como pessoa.
Não sou constituída só de (im)perfeições,
Tenho virtudes, (in)quietudes?
Preciso crescer,
aprender, melhorar,
adquirir experiências, sapiência!

A vida é uma arte
que exige de nós uma eterna luta,
Disputa!
O aprendizado é sofrido,
gradativo, instrutivo,
Requer de nossos eus apagar,
recomeçar cada situação,
Descoloração...
Sentimos o mel e o fel!

Mas peguemos o pincel,
Na perspectiva de, como artistas,
estarmos sempre a retocar a nossa obra.
O tempo sobra?
Basta querermos,
Sempre há tinta!
Porque a vida é a gente quem pinta!

Maria Luíza Marinho da Costa
Extraído da Obra da autora: "Vozes de um coração"
Março de 2005

terça-feira, 30 de julho de 2013

Luiz Ferreira Leite

Luiz Ferreira Leite, natural de Apodi, nascido em  24 de julho de 1924,  filho do coronel João Ferreira Leite e Cristina Veras Leite. Foi casado com Josetina Leite Pinto. 

Sua nomeação de prefeito devera-se ao seu irmão, o coronel João Ferreira Leite, comerciante e radicado em Mossoró e que era um dos 86 liberais que sufragaram o nome de Getúlio Vargas, na eleição de 1930. Além de que o mesmo João Leite tinha uma filha casada com o irmão de Mário Câmara, chefe de gabinete de Getúlio Vargas.

Protegido por Mário Câmara, ele manteve-se atrelado ao cargo de prefeito até 16 de julho de 1934. Sua gestão administrativa não passou de atos de rotina. Ele foi o mandante da morte do prefeito Francisco Ferreira Pinto. 

Biografia copiado do Portal Apodi

O tempo - Mônica Freitas

O tempo é o Senhor das coisas
 Ele joga com a mente,
 com a vida e
com o mundo
Faz esquecer as dores
E nos faz lembrar dos amores
Se é curto faz chorar as perdas
Se é longo faz esquecer as tristezas
Adormece o sentimento
Envelhece e renova o tempo
Espalha e acalma o vento
Torna o homem desatento
O tempo...
o tempo é pouco,
nunca é muito nem na morte,
nem na vida
O TEMPO É O TEMPO

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Colonização e povoamento do Apodi (II) - Por Marcos Pinto

Colonização e povoamento do Apodi (II) - Curraleiros versus gentio indígena

Nos primeiros tempos de colonização européia no RN, via Bahia (Região do rio São Francisco) e Pernambuco, a região do Apodi não apresentou efetiva ocupação territorial, tendo em vista a forte resistência indígena e as barreiras naturais que dificultavam o acesso. Foram duas as correntes de povoamento do Apodi: A primeira veio de Pernambuco, passando pela Paraíba, de onde desciam pela antiga "Estrada Real", que demandava para a região jaguaribana. Manoel Nogueira seguiu o trajeto desta primeira corrente. A segunda veio pela região do Assu, onde no ano de 1686 ficou aquartelado o famoso "TERÇO DOS PAULISTAS", comandado pelo octogenário Manuel de Abreu Soares. 

No livro de REGISTRO DAS SESMARIAS DO RN, consta a concessão de Carta de Data de Sesmaria concedida em 19 de Fevereiro de 1680 a Manoel Nogueira Ferreira, João Nogueira Ferreira, Antonia de Freitas Nogueira, e seus companheiros/requerentes Domingos Martins Pereira, Capitão Bartolomeu Nabo Correia, Alferes Gonçalo Pires de Gusmão, Capitão Luis Braz Bezerra, Capitão Luiz Antunes de Farias e Manoel Roiz da Costa, cuja concessão doava três léguas de terras à cada requerente, cujas terras englobavam os rios "Piranhas" e "Guaxinim", na região do Assu. 

 Conforme consta no mesmo livro de sesmaria, estes requerentes desistiram de povoarem as terras que lhes foram concedidas, no mesmo ano. Ocorre que, já no dia 19 de Abril de 1680 Manoel Nogueira e estes mesmos companheiros recebem a concessão em Apodi, que os índios denominavam apenas de "Pody". Diante este cenário, resta a indagação: Teria Manoel Nogueira e seus irmãos e demais requerentes estado na região do Assu antes de aportarem em Apodi ? No requerimento dão a entender que sim, conforme afirmam: "...Pela qual razão querem povoar nesse sertão e tem dado combate aos tapuias para lhes mostrar onde há terras desaproveitadas....querem povoar ainda que seja com risco de suas pessoas e fazendas, por serem paragens ermas e despovoadas, donde os antigos nunca se atreveram a povoar...". Observe-se que também era comum o fato de que dois ou três bravos colonizadores exploravam as terras e quando as requeriam acrescentavam nomes de amigos e parentes, para açambarcarem vastas extensões de terras, que deram origem aos latifúndios.

A verdade é que o bravo MANOEL NOGUEIRA e família, acompanhados por alguns escravos tiveram uma vida de correrias e tropelias, no enfrentamento da indiada rebelde. Davam, apanhavam, iam embora, retornavam, sendo certo que só tiveram uma certa tranquilidade quando o famoso "TERÇO DOS PAULISTAS" fez uma longa incursão até a lagoa Pody, no ano de 1689, conforme afirma o celebrado e respeitado historiador brasileiro ERNESTO ENES, no volume 127 da Coleção "Brasiliana": "...Pedro de Albuquerque Câmara, Bernardo Vieira de Melo, Valentim Tavares Cabral e Agostinho César de Andrade tomaram parte na marcha que se fez do Olho d'água aos rios paneminha e panema grande, até a lagoa Pody. No combate da lagoa do Apody estiveram outros soldados como João do Monte" . Vide (pág. 409) e Luiz da Silveira Pimentel (pág. 269).

A saga dos NOGUEIRA teve início em 1680, continuando até o dia 11 de Junho de 1685, quando retornaram à Paraíba em busca de recursos, a fim de darem continuidade aos trabalhos de exploração do novo território. Em 17 de Novembro de 1688 ocorreu o famoso embate entre a família NOGUEIRA e os índios Paiins, na margem da lagoa do "Apanha-Peixe", onde tombaram mortos os bravos João Nogueira e Balthazar Nogueira, forçando o grupo familiar a debandarem em fuga para a região jaguaribana, no Ceará. A indômita ANTONIA DE FREITAS NOGUEIRA, que chegara ao Apodi em estado de viuvez, casou no ano seguinte - 1681, com o português Manuel de Carvalho Tinoco, sendo certo que em um dos livros de registro de batizados constante do acervo da Igreja-Matriz de N. Sra. da Apresentação, da cidade de Natal, consta a presença deste casal residindo nas imediações de Natal, em São Gonçalo do Potengi, onde Antonia de Freitas batizou cinco filhos, no período 1695 a 1706.


Quando o Sargento-Mór de Entradas MANOEL NOGUEIRA faleceu em sua fazenda "Outeiro"(Onde hoje é o "Quadro da Rua") em 17 de Janeiro de 1715, toda a várzea do Apody, do sítio "Boqueirão" aos sítios "Santa Rosa" e "Santa Cruz" já estava de posse e domínio de componentes de sua família - filhos, cunhados e parentes afins. Foram os primeiros curraleiros. Os índios do Apodi, que no início da colonização "fervilhavam como formigas" nas margens da lagoa Itaú (Depois lago Pody, e lagoa Apody) e dos rios Panema Grande (Depois rio Apody) e Paneminha (Depois rio Umary), sempre foram alvos da sanha dos conquistadores e dos aventureiros, que não sossegaram enquanto não eliminaram ou segregaram o último sobrevivente dessa raça nativa.

ÍNDIO TAPUIA PAIACUS(Pintura de Eckhout Ano-1641)

TAPUIA PAIACUS - ÍNDIOS ANTROPÓFAGOS

(Segundo o Historiador Marcos Pinto, essas pintura poderiam terem sido pintadas pelo grande pintor holandês Alberto van der Eckhout ao redor da lagoa do Apodi no ano de 1641) O GENTIO INDÍGENA da região do Apodi era constituído de 05 etnias e uma nação: Tapuias paiacus, Paiins, Icós, Icosinhos, Janduís ou Janduins, e Canindés , da nação Tarairiús, distribuídas em várias tribos e malocas ao longo do território apodiense. O criatório de gado bovino consistiu na primeira atividade econômica do Apodi, tendo sido o principal argumento constante dos requerimentos das famosas "Datas de Sesmarias", quando alegavam que precisavam situar seu rebanho bovino, ou que já se achava com seus currais instalados nas terras requeridas. De um lado os índios eram acossados pelos sesmeiros/curraleiros, exploradores que, muito bem armados, promoviam a guerra para expulsá-los dos seus territórios, e vender os prisioneiros aos fazendeiros e senhores de engenho de Pernambuco e da Bahia.

Do outro lado, eram subjugados à ação nefasta dos padres e dos seus colaboradores, que no afã de impor a língua portuguesa e difundir a religião católica, ao tempo em que lhes ofereciam proteção, desestruturavam as bases de sua cultura, tanto do ponto de vista material como espiritual, transmitindo-lhes ensinamentos de obediência a um Deus diferente dos seus - que não permitia a nudez, a poligamia, a selvageria, a antropofagia e outras práticas por eles adotadas - e ao colonizador, que nunca os entendeu e sempre os perseguiu.

Por Marcos Pinto - historiador apodiense 
Matéria copiada do: Blog Potyline

Soneto do farto amor - Mônica Freitas

Oro aos até aos tons que são celebrados em louvor divino
Simploriamente em versos que me humilham o rosto
Em lágrimas, acentuo a face semblanteada de desgosto
Eu choro, me envolvo num pranto ávido como um menino.
É neste impulso amoroso ardente, penetrante e forte
Que o farto amor aparece num impulso adulto,
Mas na calada da alma, permanecendo oculto
Num clarão que brilha até o fim, até a morte.
Parece platônico esse amor, essa paixão, esse horror
mas não o é quando encontra o coração do poeta
Com a luz em chama, a porta da inspiração aberta
É na alma tomada da mais prazerosa dor
Que as palavras ditam o sentimento e fazem a festa
E espalham no coração do poeta este farto amor.

Atenção professores, precisamos de voluntários

A comunidade de Córrego agora será um polo de educação a distancia da UFRN. 
No próximo dia 18 de agosto haverá uma prova a nível de ensino fundamental para ingresso no curso de cooperativismo a distância. 
Estamos precisando de voluntários professores que queiram ajudar os candidatos para assuntos de português e matemática. 

Veja os assuntos
Assuntos de Português do Exame de Seleção E-Tec
- Compreensão e interpretação de textos de diversos gêneros;
- Fonética e Ortografia: emprego de letras e fonemas, encontros vocálicos e consonantais, acentuação gráfica e divisão silábica;
- Morfologia; classes de palavras (variáveis e invariáveis);
- Sintaxe do período simples: termos da oração (essenciais, integrantes e acessórios;
- Redação: direcionamento temático, coesão textual, coerência textual, correção gramatical.

Assuntos de Matemática do Exame de Seleção E-tec
- Potenciação.
- Conjunto dos números racionais (frações).
- Classificação, comparações de frações, operações e expressões com frações.
- Números decimais: - Operações e expressões.
- Sistemas de medidas: - Comprimento, volume, capacidade, superfícies e medidas agrárias (transformação de unidades).
- Equação do 1º grau (resolução).
- Sistema de equações do 1º grau (resolução).
- Regra de três simples (problemas).
- Porcentagem (problemas).
- Produtos notáveis: - Quadrado da soma; - Quadrado da diferença; - Produto da soma pela diferença.
- Fatoração: - Fator comum; - Agrupamento; - Trinômio quadrado perfeito; - Diferença de dois quadrados; -Trinômio do 2º grau.
- Racionalização: - Quando denominador for uma raiz quadrada e quando for uma soma (ou diferença) de raízes quadradas.
- Equação de 2º grau (resolução).
- Geometria plana: - Conceitos primitivos; - Postulados; - Ângulos (teoremas); - Polígonos; - - Triângulos (teorema); - Quadriláteros (teorema); - Circunferência e círculo; - Relações métricas nos triângulos retângulos; - Cálculos de áreas das principais figuras planas.

Estamos pensando em juntar a turma qualquer uma noite ou mais na semana na escola Isabel Aurélia Torres Emiat Live para dar algumas dicas aos candidatos sobre esses assuntos. Vai depender da disponibilidade dos professores. E ai quem ajuda?

domingo, 28 de julho de 2013

Colonização e povoamento do Apodi (I) - Por Marcos Pinto

Colonização e povoamento do Apodi (I) - O marco zero 

Processo histórico lento e gradual da ocupação do adusto solo sertanejo, em que consubstancia-se a trajetória de bravura e pujança da honrada família NOGUEIRA, rasgando os sertões da Paraíba para penetrar o "Vale do Jaguaribe", por onde alcançaram a ignota serra, reduto de ferozes indígenas, seguindo suas veredas para, sob a tutela dos seus facões, alargarem-nas e transformarem-nas em picadas, fato referencial que fez com que passassem a denominá-la em batismo toponímico de "SERRA DA PICADA".

No silêncio cheio de sol, ao aproximarem-se das terras que se estiravam das bordas da serra para uma piscosa lagoa, tiveram desse portal uma bela visão panorâmica, sedutora e misteriosa. Do alto da serra, o céu vestia-se de um azul intenso, e mais azul do que ele, os vultos das altaneiras serras do Patu, Portalegre e Martins, perfilando-se em aparados ou talhados. Embriagados de notáveis emoções, divisaram o vasto carnaubal cobrindo de verde as férteis terras de aluvião, que embalavam e ainda embalam nas tardes mornas o farfalhar dos seus leques em misteriosas coreografias. Batizariam com o pomposo referencial toponímico de "Várzeas do Pody", denominação esta que, no ano de 1761, o Juiz Miguel Carlos de Pina Castelo Branco ampliara para "Povoação das Várzeas do Apody". Nesse cenário extasiante sobressaíam-se as contagiantes "vazantes" da lagoa, ampliando o encantamento do elemento branco povoador. Aquí e alí cortava o silêncio o canto característico das seriemas, em seu cacarejo metálico.


Nos primeiros e temerosos contatos com a indiada tapuias paiacus, em que predominavam as recíprocas desconfianças e precauções, os Nogueira devem terem visto e ouvido, curiosos, os silvícolas apontarem para o chão e baterem fortemente nos peitos, a afirmarem em sua linguagem travada, que eram senhores absolutos da terra PODY. Amainados os ânimos da indiada da nação Tarairiús, os NOGUEIRA trataram logo de requerem as primeiras "Datas de Sesmarias", açambarcando, como lhes era de direito, as melhores terras, englobando toda a várzea até as que margeavam a lagoa, estendendo-se até o sopé da serra que eles passaram a denominar, em seus requerimentos de sesmarias, de "SERRA PODY DOS ENCANTOS".

Quando as terras requeridas eram distantes, já vizinhas ao Ceará, afirmavam que as terras eram situadas na "SERRA PODY DOS ENCANTOS PARA FORA". Apos todos os ingentes esforços empreendidos na conquista das terras, os bravos NOGUEIRA depararam-se com a insana concorrência dos sesmeiros baianos da família ROCHA PITA, que pleiteavam forçosamente o senhorio das terras requeridas pelos NOGUEIRA, situadas na margem sul da lagoa, onde hoje situa-se o sítio "Garapa", e outros vizinhos, medindo três léguas de comprimento por uma de largura. Não havia como os NOGUEIRA perderem suas concessões sesmeiras, posto que requereram em início do mês de maio de 1680, e no dia 19 do mesmo mês e ano eram-lhes concedidas pelo então Capitão-Mór do RN. Os ROCHA PITA requereram somente em junho de 1680.


Na epopeia colonizadora, os indômitos NOGUEIRA protagonizaram incontáveis fatos históricos, num processo evolutivo e audacioso, escrevendo o capítulo especial do povoador inicial, empregando a pólvora e o aço viril, contra o arco e a flecha, tão bem manejadas pelas hábeis mãos da indiada, até então com o senhorio absoluto das plagas de terras ardentes.

Como os tapuias paiacus tinham sua taba principal situada nas terras onde hoje estão encravados os sítios "Barra", "Ponta", "Largo" e "Estreito", a família NOGUEIRA optou por fixarem moradia no outro lado da lagoa, no lugar onde atualmente está encravado o sítio "Garapa", que os NOGUEIRA batizaram inicialmente com o nome de "Braço da lagoa do Cajueiro". Baseado nesta minudência histórica e geográfica, poder-se-á afirmar que este lugar assume a emblemática conotação geográfica de ter sido " O MARCO ZERO DA COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO DO APODI".

Estranha-se o fato de que os NOGUEIRA não tenham contado com a ajuda espiritual de um sacerdote para ajudá-los no difícil momento do encontro primeiro com a indiada. Quanto ao venerando capítulo da CATEQUESE INDÍGENA em terras Apodienses, há um longo hiato de 20 anos (1680-1700), posto que, somente em 10 de janeiro de 1700 os abnegados e virtuosos padres Jesuítas PHILIPE BOUREL e JOÃO GUINCEL declaram oficialmente instalada a "MISSÃO JESUÍTA DA ALDEIA DO LAGO PODY". 

(Vide livro "HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NO BRASIL" - Tomo V - Autor: Padre Serafim Leite).

Por Marcos Pinto - historiador apodiense
Matéria copiado do: Blog Potyline

Ao longe - Raimundo Torres

Ao longe está um passado perdido
Com os meus pés a caminhar na meninice.
Ao longe estão os sonhos que espantei com a decepção.
Ao longe está o eco da voz que calei com o silêncio...
Ao longe está o sorriso que emudeci com as lágrimas.
Ao longe está o beijo afectivo
Que matei ao cerrar os lábios.
Ao longe está meu passado remoto,
Meu ideal calado, que no meu passar pela vida...
Vivi.

1987, Apodi/RN

Convite Seminário de piscicultura do Território Sertão do Apodi

Local: STTR Apodi
Data: 09 de agosto de 2013.
Público alvo: piscicultores, produtores rurais e pescadores.

sábado, 27 de julho de 2013

Teresa Machado - professora


TERESINHA DE SOUSA MACHADO,  nasceu no dia 03 de abril de 1959, filha de João Tito Filho e Maria Fernandes de Sousa. Nasceu e reside na cidade de Apodi até os dias de hoje. Casou em 1980 com Edson Ferreira Machado. 

Iniciou os seus estudos no ano de 1978, na Escola Estadual Ferreira Pinto, concluindo o ensino médio na Escola Estadual Prof. Antonio Dantas. Iniciou sua vida profissional em 1978, em estabelecimentos comerciais como caixa e auxiliar de escritório. Em 1980 ingressou na SEC-RN, Secretaria de Educação, como datilógrafa. Posteriormente professora do EJA como professora alfabetizadora nas disciplinas de matemática, ensino da arte e língua portuguesa. 

Trabalhou também na Sala de Leitura na Escola Estadual Alvani de Freitas Dias (CAIC). Ultimamente trabalhou na 13 DIRED como técnica pedagoga. No mês de março de 2013 foi publicada a sua aposentadoria por tempo de contribuição. 

É Graduada em Pedagogia pela UERN-Mossoró;
Pós-Graduada pela UNP (Universidade Potiguar) – Natal/RN, em linguagem e educação; 
Fez curso de Capacitação para professores do EJA – Educação de Jovens e Adultos;
Fez também curso de apreender a empreender para professores multiplicadores da EJA pelo SEBRAE.

Atualmente Teresa Machado exerce as funções de Secretária do DEMIC – Departamento de Mulheres da Igreja de Cristo, membro da Igreja de Cristo Apodi, aprendiz da literatura de cordel



Meu orgulho - Teresa Machado


Quando eu descer do meu orgulho
O senhor vai me ensinar
Que as riquezas deste mundo
Não vai minha alma alegra
O que importa nesta vida
É o amor que Deus me dá

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Pinceladas sobre o príncipe de Maquíavel - Osório Filho

PINCELADAS SOBRE O PRÍNCIPE DE MAQUIAVEL¹

José Osório de Lima Filho²

O principado novo conquistado com armas e virtudes próprias, apresenta maior possibilidade na conservação da conquista, pois a sua virtus,  bem como a sua fortuna, contribui para que o príncipe consiga ter o controle da situação, quer dizer, possua autonomia nas suas decisões. Embora o mesmo possa enfrentar alguma dificuldade inicial. 
Já o principado novo adquirido por favor, armas e virtus alheia, esboça uma instabilidade do príncipe no seu governo, já que o mesmo dependendo dos outros, não consegue ter liberdade administrativa, uma vez que os que o colocaram no poder, querem mandar igual ou mais que ele, salvo algumas exceções de príncipes que consegue adquirir a virtus depois que ganha o principado, um exemplo é César Bórgia. 
O principado civil se for criado pelo povo (cidadão comum) é mais fácil de ser administrado, pois o homem comum não quer ser oprimido, logo o príncipe precisa agir de modo a respeitar a propriedade, a família e a liberdade. Porém, se o mesmo for construído por uma elite, apresentará complicações na gestão do estado, pois os nobres são volúveis e mesquinhos. 
No principado eclesiástico, a religião antiga contribui para a manutenção da ordem, embora a disputa de poder feita pelas facções cause desordem. 
Desta forma, tanto no principado civil, quanto no eclesiástico, o príncipe precisa agir de modo a manter a ordem, respeitando o povo que é a maioria e se preciso usar da violência contra a nobreza em seus excessos, pois esta é muito perigosa para o príncipe. Assim o príncipe tem que ser temido, usar das leis civis e militares e fazer bom uso do exército. Assim sendo precisa retirar da nobreza os cargos das instituições, deixando os nobres sem prestígio, isto é, sem poder. 
Portanto, o príncipe para ser querido e respeitado, só pode ser cruel em casos que apresentem justificativas para ação truculenta, ou seja, perturbação da ordem pública. A piedade do mesmo não pode ser exagerada, pois o mesmo pode com isso, perder os seus bens, bem como ser considerado efeminado, e não respeitado pelos súditos. Além disso, o príncipe não pode agir de má fé no sentido literal e sim superficial, aliás, precisa parecer bondoso e agir de acordo com as necessidades, e se preciso for atuar com maldade, mas para isso precisa demonstrar uma explicação bondosa, para evitar o ódio e suas consequências. Por fim, o príncipe precisa ter cuidado para não ser desprezado pelos súditos e cidadãos, para isso é necessário que o mesmo haja, de forma prudente nas situações de paz e guerra, ou seja, usar a virtude para equilibrar o bem-estar, assim, é inviável que o príncipe seja truculento no período de paz. 

1. Paper
2. José Osório de Lima Filho – professor de História. 

Em algum lugar - Raimundo Torres

Em algum lugar, verá um mendigo,
Verás um pássaro.
Um mendigo a apanhar moedas com sua marginalidade
Um pássaro com sua ousadia,
Com sua LIBERDADE.
Em algum lugar verás renascer um SER.
O seu desabrochar do nada...
Verás evasar seu triunfo.
Agitar sua vitória.
Em algum lugar verás emergir um ECO,
Verás castelos com altas torres...
Um ideal...
Com arranjos fantasmagóricos.
Em algum lugar, verás duas vidas,
Com seus destinos...
Em algum lugar no futuro,
Verás o passado...
E com ele, apenas recordações de algo que passou...

1984, Apodi/RN

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Descobriram-me - Paulo Filho Dantas


“Quero descobrir sentindo
A verdade única desse mundo,
Para isso traçarei uma linha.

Começando com o sem-limite
Provarei sabores, odores e paisagens,
Momento a momento, emoção a emoção.

Constantemente viverei, morrerei
E renascerei para uma nova vida,
Para uma inesperada nova morte.

Sou forte, guerreiro e imortal.
A minha frágil e simples mortalidade
Só despista aqueles incrédulos homens.

Para cada parte, as pequenas verdades
Me deixam de presente, sem esforço,
Meu complemento alma-matéria.

A surpresa é cabulosa
Me pergunto: é isso?
Que tédio é a eternidade’’.

Poesias do livro: Caminhos do Meu Ser

As cidades são iguais - Dodora

Toda cidade pequena sempre tem um doido oficial que não assusta ninguém; um intelectual de verdade, ou de fachada, mas que sempre anda com um monte de papel debaixo do braço; um motorista que não tem carro e nem emprego, mas que já dirigiu quase todos os carros da cidade; um professor temido pelo saber ou pela chatice e que adora reprovar aluno; um hotel central; um bar com uma das frases: “ordem e respeito”, “familiar” “não fale fiado evite decepção”, um homem que gosta de usar roupa branca; no mínimo uma família bem tradicional e que tem em casa uma cadeira de palhinha; uma esquina ou uma calçada onde se sabe de tudo;

Uma pessoa temida pela língua maldita; um casal de namorados que não tem fim de casar; uma turma bem pesada que nem liga para chatice da cidade e sempre comemora tudo com uma festa; um cabra bem besta que quando se aproxima todo mundo vai embora; uma pessoa aposentada que todos os dias, à mesma hora, põe uma cadeira na calçada, toma café e conversa com os mesmos amigos; um chato que sabe tocar alguma coisa e sempre chega onde não é chamado e daí a pouco está comendo, bebendo, cantando e íntimo de todo mundo; uma pessoa que nunca se convence que está errada e tem raiva de Deus e o mundo; uma loura oxigenada que se acha o máximo; um carro velho bem barulhento e conhecido (geralmente é um carro azul desbotado); uma pessoa bem amiga de todo mundo e que sempre gosta muito de dar risada; um rapaz que se acha o melhor partido da cidade; um político que aperta a mão de todo mundo ou que só cumprimenta dando um tapa bem forte nas costas da gente; uma pessoa que usa um óculos com muito grau e que só vive piscando os olhos; uma pessoa que só vive rezando mas todo mundo acha que ela vai para o inferno; um metido a rico que quando chega nos cantos fala bem alto ou faz de tudo para a gente perceber que ele chegou de carro; mas principalmente um mentiroso e daqueles que não tem o menor pudor de dizer que se lhe oferecessem o dinheiro do mundo inteiro ele recusaria para não ter que mudar da sua cidade.

Naquela cidadezinha chamada Idopa tinha tudo isso e muito mais e um mentiroso oficial chamado João. Ele era um cabra BOM, trabalhador, direito, todo mundo gostava dele e já tinham até se acostumado com suas mentiras por isso ninguém deu confiança quando ele disse que tinha acertado na Pelé & Sena. O mentiroso jurou pela alma da mãe, sacramentou, contou essa história a Deus e ao mundo mas não tinha jeito, ninguém acreditava, nem quando ele mostrava um papel com uns números e o seu nome. Os dias se passaram e nada; a história da Pelé & Sena foi virando folclore e no final nem o mentiroso acreditava mais na própria história. Pois não é que um dia aparece um telegrama na casa do João avisando que ele tinha apenas três dias para comparecer ao Banco e retirar uma fortuna em dinheiro creditada a favor de João Alves, (que era o nome completo do mentiroso) e constando justamente o seu endereço! Foi um movimento danado. A familia do peste arrumou um dinheiro emprestado e o mandaram para a capital para receber a milionária quantia. 

Quando João chegou no Banco e se apresentou como o milionário da sorte o gerente levou-o para uma sala particular ofereceu cafezinho, fez muito agrado, falou nas vantagens das aplicações e da garantia no seu Banco e depois de muito rapapé pediu os documentos do João para a conferência. Foi ai que a vaca tossiu. Não é que o nome do mentiroso sequer era João, mas sim Çelso (iniciado com cedilha mesmo). Quando o medonho era criança falava dormindo e sua mãe, inocentemente, havia feito uma promessa que se ele deixasse de falar dormindo passaria a chamá-lo João, em homenagem ao padroeiro da cidade. O santo atendeu e João que mentia desde menino achou ótimo ter que inventar o próprio nome, por isso assinava João Alves, ao invés de Çelso Alves, seu nome verdadeiro. Claro que o Banco não aceitou pagar uma quantia tão alta a uma pessoa cujo cartão tinha um nome e o documento outro nome diferente.

Até hoje o coitado luta na Justiça para provar que Çelso e João é uma mesma pessoa e a justiça não muito chegada a velocidade, aproveita para não acreditar que seja possível alguém ser batizado como Çelso (com cedilha) e ter o nome trocado para João Alves e ainda por cima ser muito mentiroso.

Crônica do Livro "Contraponto'' de Dodora, publicado no ano de 1998. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

CHCTPLA realizará a 3ª Conferência Regional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em Apodi

O Centro Histórico - Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi, tem a satisfação de informar que no próximo dia 02 de Agosto, será realizada pela COEPPIR - Coordenadoria de Politicas Publicas de Promoção da Igualdade Racial, a 3ª CONFERENCIA REGIONAL DE POLITICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL, tendo como tema Central: " Democracia e desenvolvimento sem racismo: Por um Brasil afirmativo."


Local do Evento: Câmara de Vereadores de Apodi.

Aguardem mais informações!

Enviado por Isaac Tarcio

O preço do radicalismo político e as perdas causadas ao Apodi - Por Marcos Pinto

Compulsando os anais históricos sobre o município do Apodi, resta configurada uma extensa lista de virulentas manifestações de exacerbado e inconsequente radicalismo político. Esse desiderato revela perseguições políticas, açoites, acumpliciamento e acolhida a hordas cangaceiras, saques, depredações e assassinatos. É imprescindível que exterminemos de uma vez por todas esse nocivo comportamento político, emparedando desejos e delírios de comando de grupelhos que se autodenominam de líderes. Decretemos que o prazo de validade do engodo chegou ao final.

Não há como obscurecer a realidade de que esse danoso processo presente na história de Apodi restringe-se ao conservadorismo das forças políticas dominantes, que tem como meta basilar a manutenção dos 
padrões sociais tradicionais do baraço e do cutelo. As flagrantes perdas de oportunidade que alavancariam o progresso de Apodi colidem com as irascíveis manifestações de oposição radical à implantação de obras estruturantes, vistas sob a ótica desarrazoada da oposição, que veste a carapuça da inveja e do infundado temor de que a concretização de uma obra de vulto proporcione dividendos eleitorais à pessoa que logrou êxito na consecução da obra relevante. Agem nesse diapasão com fito único de satisfazer seus insanos egos, reféns do assédio do mandonismo inconsequente, sem atentar para o fato de que o radicalismo constitui um atentado ao bem estar da coletividade.

A persistência desse pérfido mal emblematiza o município do Apodi como o que mais perdeu espaços e 
oportunidades em termos de progresso. Tem formado uma barreira quase intransponível para que o Apodi saia desse famigerado marasmo e atraso em seu desenvolvimento urbano e rural. É bem verdade que essa doentia manifestação de conduta e pensamento atrela-se à inexpressivos grupelhos políticos que tem como meta principal a satisfação de seus interesses pessoais. São reconhecidos como redutos de egos inflados por ódios inexplicáveis e sem referenciais que os justifiquem.

É de estarrecer e causar estranheza o fato de que o município do Apodi, detentor de vultoso potencial de recursos naturais que o alavancaria aos umbrais do progresso, tenha sido entregue à letargia e à indiferença dos seus administradores, ao longo de sua história política e administrativa - 1833 a 2013. Aos conterrâneos
que pretendam fazer uma incursão à esse esquecido capítulo da história do Apodi, sugiro envidar pela pesquisa nos 04 Tomos que tratam da história do RN, que tem o instigante título "FALAS E RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE " - Coleção Mossoroense - Fundação Vingt-Un Rosado. 

 Há uma vastidão de informes históricos sobre o Apodi, dispersos em notas abreviadas, mas que juntas em miscelânea, serão de suma importância para nosso conhecimento. Dentre a imensa gama de fatos lamentáveis que macularam a história do Apodi, e que constituíram perdas irreparáveis para o nosso patrimônio material e moral, merecem destaque:

- Importação, via Tilon Gurgel, de elementos dados à truculências, vindos da cidade do Martins e da serra do Pereiro, no Ceará, respectivamente Srs. Juvêncio Barreto e Martiniano de Queiroz Porto e Décio Holanda, que fixaram residência em Apodi no ano de 1915, tendo Juvêncio passado a residir em sua fazenda "Unha de Gato", e Martiniano naquele sobrado onde funcionou o primeiro Cine Odeon, na rua João Pessoa. Já o Décio Holanda fixou moradia no sítio "Brejo do Apodi", em terras do seu sogro Tilon Gurgel. Décio era protetor e pagador de um bando de cabras armados, em número de cinquenta.

- O Desembargador Felipe Guerra trafica influência e indica para assumir a Comarca de Apodi (Ano 1922) o seu amigo íntimo Dr. João Dantas Sales, que assumiu publicamente que cerrava fileiras na oposição ao então Presidente da Intendência Coronel João Jázimo Pinto e seu genro Francisco Pinto, transformando sua residência em valhacouto do chefe de cangaceiros Benedito Saldanha, a quem protegia às escancaras. Para fazer cessar esse acinte ao povo de Apodi, em 1925 o então governador do estado Dr. José Augusto promoveu o Juiz João Dantas Sales para uma comarca de segunda Entrância, o que o fez sair da cidade do Apodi;

- Em 10 de Maio de 1927 a cidade do Apodi é assaltada e saqueada por um bando de cangaceiros, em número de 27, pertencentes ao bando de Lampião, que se achava aquartelado na Serra do Pereiro, em fazenda de José Cardoso, primo e compadre de Décio Holanda, que por sua vez era genro do pérfido e truculento Tilon Gurgel. O bando era comandado por Massilon Benevides. Nesse fatídico dia o bando assassinou o comerciante apodiense Manoel Rodrigues, que deixou a viúva Lúcia, que viria a casar com o Sr. Vicente Maia;

- Em 1931 o Desembargador Felipe Guerra, em manobra sórdida para prejudicar o povo apodiense, retirou a sede da Comarca para a cidade de Caraúbas, rebaixando Apodi à condição de Termo da Comarca de Caraúbas. Essa humilhante situação só foi revertida em 1947, quando o então Prefeito Lucas Pinto elegeu o Telegrafista Cosme Lemos, casado com uma apodiense (Hilda Lopes, tia de Robson Lopes) Deputado Estadual, que apresentou projeto que retornava Apodi à condição de sede da comarca;

- Entre o período de 1920 a 1934 o Des. Felipe Guerra tenta alocar recursos federais via Deputado Federal Martins Veras, para construção da Barragem de Passagem Funda, com o fito único de transformar a várzea do Apodi num imenso lago, expulsando humildes agricultores vinculados às hostes pacifistas da família PINTO;

- Em Janeiro de 1934 o líder político Coronel Francisco Pinto é sondado pelos líderes políticos e ex-governadores José Augusto e Juvenal Lamartine para aceitar a indicação do seu nome como candidato indireto ao cargo de governador do estado, tendo os mesmos recebido a anuência do líder apodiense. O governador era eleito pelos srs. Deputados Estaduais, em votação realizada na Assembléia Legislativa. Ocorre que os invejosos Luiz Leite e Tilon Gurgel, pressentindo a vitória do Partido Popular em maioria de Deputados Estaduais, contrataram a mão mercenária do bandido Itauense Roldão Frutuoso de Oliveira, vulgo Roldão Maia, que assassinou covardemente o líder Francisco Pinto, às 20:30 horas do dia 02 de Maio de 1934. Em Outubro, realmente o Partido Popular, ao qual Francisco Pinto pertencia, elegeu uma bancada de 14 Deputados Estaduais, contra 11 do Partido Liberal, dentre os quais Benedito Saldanha e Felipe Guerra. Apodi perdia, assim, a oportunidade única de ter um seu filho governador do estado;

-Em 2010, 2011 e 2012 o município de Apodi perde, pela desunião e pelo radicalismo político predominante, O Campus da Ufersa, respectivamente para as cidades de Angicos, Caraúbas e Assu.

Diante todos esses infortúnios e mazelas, resta a necessidade de que todos nós APODIENSES nos unamos em um só pensamento e um só objetivo, cerrando fileiras nesse magnífico e profícuo movimento EM PROL DA CRIAÇÃO E INSTALAÇÃO DO CAMPUS DA UERN EM APODI. Que esse movimento represente o marco inicial para a erradicação desse mal que tanto tem atrasado e prejudicado o nosso município. A juventude que comanda o movimento é detentora de imensurável capacidade para conduzir debates, negociações, articulações e formulações, pela eficiência na leitura da realidade apodiense. Juventude com reconhecida densidade cultural para conceber idéias, construir posições, elaborar propostas e projetá-las para o centro do debate, liderando sua repercussão e tomada de posição.

AVANCEMOS conterrâneos ! AVANTE Apodi !.


Matéria enviada por Marcos Pinto - historiador apodiense

Obrigada aos guerreiros por Kelly Morais

Bom dia a todos esses guerreiros.

Deixei os ânimos adormecerem com meu cansaço ontem pra então vir aqui me pronunciar. E a primeira coisa que quero escrever é PARABÉNS!

PARABÉNS aos guerreiros que ontem foram as ruas de Mossoró mostrar que Apodi também é potiguar.

PARABÉNS a classe política que pela primeira vez vi realmente empenhada na luta pela UERN. Achei de tamanha braveza vereadores de oposição e situação esquecendo desse pequeno detalhe e dando as mãos por uma causa só. Foi magnífico ver os Dep. Estaduais e Federais, sejam da bancada ou de oposição dando a cara a tapa lá na salinha pra defender Apodi. E a garra do Prefeito Flaviano Monteiro ao pedir pros CONSELHEIROS não confundirem a nossa luta com uma resposta política ao governo ineficiente.

PARABÉNS aos Conselheiros do CONSUNI que, apesar de não terem aprovado de pronto o Campus da UERN em Apodi, também não reprovaram e ainda se prontificaram para uma análise mais aguçada que inclusive vai dá-los a oportunidade já irem estudando quais os cursos serão mais viáveis pra Apodi, afinal eu tenho fé que essa luta os Conselheiros não são inimigos e sim parceiros.

Nem sempre as coisas acontecem ao nosso tempo, no entanto no tempo certo elas vão acontecer. A UERN em Apodi, bem como outras Universidades, é questão de tempo agora, no entanto isso se nós GUERREIROS não descansarmos como fizemos com a Finada UFERSA.

Espero que consigamos reunir mais pessoas e nos fortalecer. 

Apodi ganha polo presencial de Educação a Distancia da Escola Agrícola de Jundiaí

Uma parceria da COOPAPI / AMPC / Estação Digital Espaço Virtual com a Escola Agrícola de Jundiaí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN traz para Apodi um polo da Rede de Educação a distância para o curso de técnico em Cooperativismo. 

O processo seletivo 
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), torna público que realizará Processo Seletivo para os cursos: Técnico em Agroindústria (subsequente), Técnico em Informática (subsequente), Técnico em Cooperativismo (subsequente)e Técnico em Comércio Exterior (subsequente) ofertados na modalidade de Educação a Distância. Os cursos técnicos serão ofertados em (8) oito municípios polos: Macaíba, Vera Cruz, Monte Alegre, Ceará-Mirim, Natal, São Paulo do Potengi, Apodi e Touros. 

Mais informações: Gisllayne e-mail gisllaynecris@hotmail.com ou 3342-4836 (Coordenação de Informática)


No polo Apodi, as inscrições são para o curso de técnico em cooperativismo. As mesmas acontecem na sede da Estação Digital Espaço Virtual no Sítio Córrego de 22 de julho a 02 de agosto. 
Documentos necessários: CPF e 01 documento oficial com foto. 
Serão 25 vagas. Porém o limite máximo de inscrições é 75. Aproveite e faça logo a sua.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Criação de Deus - Teresa Machado

Contemplei a natureza
Feita pelo criador
Serras, vales e montanhas
Tudo fez com muito amor
Ele também fez o homem
Para te dar o louvor.

Vi a linha do horizonte
SE encontrando com o mar
As ondas quebram na praia
Faz meu coração se alegrar
Deus fez todas as maravilhas
Somente por nos amar.

Vejo a lua, sol e terra
Os campos a verdejar
O sorriso da criança
Passarinhos a cantar
O Senhor fez o cenário
Para o homem admirar

A Feira livre de Apodi










"A feira do Apodi é centenária, muito importante para a economia do Apodi, é lá onde os agricultores vendem seus produtos sem o atravessador, ela resiste a modernidade dos supermercados, armazéns e ainda conserva as velhas tradições: encontro dos amigos, apresentação popular, venda de remédios milagrosos, mobilizações politicas, shows com artista da terra, sem falar em grandes personagens que com os seus bordões se tornam amados e conhecidos por todos do município. Viva a feira do Apodi." - Laércio Carlos da Costa.

"E ainda louvores e pregações a palavra de DEUS,troca troca,venda de animais...Viva a feira de Apodi" - Marilu Maia e Sousa.


"Feira regional.Vem comerciantes de outras cidades e até de outro(os) Estados! Grande diversidade de produtos." - Magna de Sousa Morais.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Medo - Raimundo Torres

Fechar os olhos...
Esconder o rosto triste e amedrontado,
Para não ver sua própria figura na parede...
Velha,
Suja,
Riscada pelos janeiros já passados...
Não abre nem as suas mãos...
Que permanecem fechadas
Para não sentir a brisa dos seus dedos magros...
Revoltado, lança um olhar no mundo...
Tudo...
Todos parecem querer lhe destruir...
Lhe modificar...
Sente nos nervos, a fraqueza...
O desânimo
No peito, o coração parece-lhe saltar pela boca...
Cujos lábios trêmulos, parecem protestarem
Gritar fortemente, contra tudo e contra todos...
Contra a extinção da Paz,
Do amor,
Da alegria...
Teme seus próprios passos...
Seus movimentos, parecem-lhe vultos secos...
Lutando contra o medo...

1981, Apodi/RN

As cores não importavam, eu já estava morto - Bruno Coriolano

Chega um momento na vida de um homem em que ele deve se desprender de tudo que não o faz bem. Todas aquelas histórias antigas da aventura amorosa humana, as fantásticas narrativas de povos em terras distantes e tudo o mais... Nada disso jamais existiu. Somos irremediavelmente bombardeados por mentiras e estórias terrivelmente mal contadas.

A vida nada mais é do que uma sucessão de acontecimentos passageiros. Não, não estou aqui escrevendo um manual sobre como o homem deve viver sua vida aqui na Terra. Menos ainda, estaria eu querendo insinuar que devemos encurtar nossa existência por aqui. Não seria tolo ao ponto de deixar que minhas vontades passageiras me aterrorizassem assim, tão debilmente, a ponto de me fazer cortejar a ideia de tirar minha própria vida... Ou desistir dela. Gostaria mais uma vez, mas, de fato, não quero...

Dancei com a morte uma vez e aprendi, da pior maneira possível, que não se deve fazer isso. Nunca... Não quero convencer ninguém a ler ou ouvir falar desse acontecimento macabro ímpar que cuspo (ou vomito) agora nessas folhas melancólicas e deploráveis. Fui feliz uma vez e disso tenho certeza, mas foi só! À meia noite, tudo se foi: as flores, o perfume, as fotos, as cartas... Só restaram-me a escuridão, o medo e a preguiça. Preguiça de começar de novo. Já não tinha mais forças para tanto.

Tenho duas pernas, mas recuso-me a andar, tenho dois olhos, mas recuso-me a enxergar. Seria tão mais fácil se eu tivesse o real controle das minhas emoções, se eu soubesse lidar com os mascarados... Sim, eles não passam de fantasias; personagens que usam e abusam de suas mascaras. Vidas deploráveis e cheias de nada. Fantasmas! Um vazio que nunca se preenche. Vidas mentirosas de pessoas que não aceitam o fim inevitável. Acéfalos, imbecis, solitários e dementes. Assim, vejo o mundo, as pessoas. Não tenho pudor ao descrever a miséria humana, pois acordei, mesmo sem querer acordar, para relatar o que já vivi nesse mundo.

Estava eu naquele leito do hospital da Rua 12 (não sei se, de fato, esse era o número correto). Já não sentia dores nem angustias. Já ouvira todos os sussurros e lamentações daquelas almas que iam, uma a uma, fazendo sua passagem para outro mundo. Mentia para mim mesmo diversas vezes dizendo, em voz quase sem força, que eu tinha o controle da situação. Não, eu nunca tive. Na verdade, nem lembro como tinha ido parar naquela cama suja de hospital.

Como sempre fui muito mais dotado intelectualmente do que meus pares, eu arrumava um jeito de saber o que estava acontecendo ao meu redor. Triste do homem que não sabe discernir o real do imaginário. Eu sabia como proceder para entender tudo que se passava ao redor daquele quarto frio e sombrio.

Esperei com uma paciência helênica a enfermeira adentrar aquele cômodo. Sim, é melhor investir na fragilidade das mulheres, elas adoram falar. Falam tanto que dizem até aquilo que nunca aconteceu. Fantasiam tanto que fica fácil arrancar-lhes qualquer informação, desde que você invista em seu estado emocional. São traidores de si mesmas!

Pedi para a enfermeira me avisar o que estava acontecendo comigo: quando eu iria poder voltar para casa e gozar da minha saúde imbatível, inabalável.

A conversa não foi longa, pois ela parecia perturbada e não queria correr o risco de revelar algo. Foi então, fazendo uso da minha inteligência mencionada outrora, que deduzi que não arrancaria nada dela. Pedi que me desse um sinal por meio de cores: se ela trouxesse algo de cor verde, significaria que eu poderia ir embora em breve. Se trouxesse algo de cor amarela, significaria que eu ainda deveria passar mais tempo naquele hospital e que minha saúde realmente exigia cuidados. Mas, no final das contas era uma possibilidade, se ela me trouxesse algum objeto, qualquer que fosse, na cor vermelha, isso significaria que minha existência tinha chegado perto do fim.

Por horas observei cada sinal, cada detalhe – eu era bom nisso! Nada... Mais uma vez, nada me revelaria meu verdadeiro estado. As horas teimavam em passar devagar e a cada momento, mais angustia por saber como eu estava: vivo, quase morto, saúde piorando ou melhorando? Nada sabia.

Senti meu corpo amolecer e meus olhos ficarem cada vez mais pesados. Era o sono que tomava conta do meu corpo. Olhei para o lado e nada parecia claro. Estava ficando cada vez mais escuro naquele quarto gélido. Virei de lado e vi um livro de capa preta apenas com o título escrito em cores douradas. Não era um livro qualquer; era o livro AS FLORES DO MAL de Charles Baudelaire, grande poeta francês. Abri e vi que estava marcado. Não lembro o número da página, minha visão estava cada vez mais fraca.

Li as primeiras linhas de um poema que, salvo engano, dizia: Nós teremos leitos de rosas ligeiras, / e divãs profundos como campa ou mar, / e flores estranhas, sobre prateleiras / sob os céus formosos a desabrochar... Parei de ler imediatamente ao ver o que estava marcando aquele poema: Eram pétalas de rosas vermelhas murchas, sem vida, completamente mortas. O relógio marcava, precisamente, meia noite. Parei, olhei ao meu redor e reconheci, sentados ao lado da cama, os outros pacientes que já haviam partido horas, dias, semanas ou meses antes. Entendi, fazendo mais uma vez uso da minha percepção, de que as cores não importavam, eu já estava morto! 

Conto de Bruno Coriolano

domingo, 21 de julho de 2013

Mônica Freitas - professora



As lutas políticas no Apodi

As lutas políticas em Apodi, desde a formação das primeiras correntes partidárias, têm-se caracterizado pela discórdia entre as famílias da terra. As divergências de ordem política, originando dissenções de certa gravidade, no seio da população, deixaram para a história do Apodi, uma página de lamentáveis acontecimentos, ainda hoje bem vivo no espírito de nossa gente.

Elementos vindo de fora, que aqui se fixaram em épocas passadas, atuando na política local, foram responsáveis por climas de agitação e insegurança porque passou o nosso povo, principalmente nas décadas de 20 e 30, quando a paz foi conturbada por movimentos de opressão e violências de ordem político-partidária. Os anos de 1924 a 1935 tiveram lutas políticas bastante agitadas. Sérios e graves acontecimentos ocorreram naquele período, entre as facções eleitorais da terra, empenhadas em renhidas lutas, pelo mando administrativo da comunidade apodiense. Certa vez, em 1925, a violência policial, a serviço de facção política, foi utilizada para que se efetuasse a prisão do Presidente da Intendência Municipal. 

Este e outros fatos sucederam-se na mesma época, acirrando cada vez mais, os ânimos entre adversários. O ataque a Apodi, no dia 10 de maio de 1927, por um grupo de bandidos, organizados no Estado do Ceará, município de Pereiro, foi resultado de uma vingança política, insuflada por elementos de fora, inimigos de Apodi. Na madrugada daquele dia, penetraram nesta cidade, causando pânico e terror à nossa população, nada menos de 18 bandidos, fortemente armados, comandados por Massilon Leite. A empreitada, organizada e dirigida de longe, por pessoa ligada a importante família do Apodi, tinha a terrível missão a cumprir nesta cidade.

Em primeiro lugar, figurava no plano sinistro, o assassinato do então chefe político Francisco Ferreira Pinto, para cuja residência se dirigiram os bandidos, prendendo-o imediatamente. O vigário da paróquia, que naquele instante acabara de celebrar a santa missa, foi chamado às pressas para salvar o chefe político, em poder dos cangaceiros, que já se preparavam para eliminá-lo. Transcrevemos a seguir, o depoimento do Padre Benedito Basílio Alves, no qual ele narra como conseguiu libertar Francisco Ferreira Pinto das mãos dos bandoleiros criminosos:

Na madrugada de 10 de maio de 1927, foi esta cidade invadida por um número crescido de cangacei-ros. Fácil de imaginar-s o pânico produzido em toda população na incerteza das consequências do fato anormal. A imprensa traçou em rápidas comentários o que então se deu e só a ação da Providência nos preveniu de maiores males. Celebrado o Santo Sacrifício da Santa Missa e exposto o SS. Sacramento, com a Igreja repleta de fiéis, procurei serenar os ânimos garantindo a todos que seriamos poupados com a graça de Deus e intercessão dos nossos Padroeiros. Chamado para livrar o chefe local, já ameaçado de morte, dirigi-me ao local sinistro e, depois de parlamentar com o até o pátio da Matriz, mostrando-lhe o horror que tudo aquilo despertava no meio do povo. Por três vezes ainda ameaçava incendiar a cidade dos cangaceiros que então conferência que se retirasse do lugar, o que imediatamente, atendeu, Altos Designos de Deus, Vigário – Pe. Benedito Basílio Alves’’.

Enquanto permanecia preso o chefe local Francisco Pinto, por cuja liberdade o bandoleiro Massilon exigia vultosa quantia em dinheiro, elementos do grupo terrorista praticavam na cidade, atos de violência, assassinato. Tomada de terror, ante a ação dos cangaceiros, quase toda a população abandonou a cidade, buscando refúgio na zona rural, nos sítios e fazendas. De acordo com os registro do volumoso (900 páginas) inquérito policial, sobre os trágicos acontecimentos de 10 de maio, vejamos o saldo de crimes deixados neste município, pela horda sinistra do perigoso Massilon Leite, conforme depoimento das testemunhas arroladas:

1 Assalto às Fazendas Passagem Limpa e Pau de Leite, respectivamente, dos Senhores Benevulto Holanda Cavalcante e Luís Sulpino da Silveira, ambos correligionários de Francisco Pinto; com relação aos dois fazendeiros, trazia o comandante do bando, ordem expressa para surrá-los, o que felizmente não aconteceu. Nas duas fazendas roubaram dinheiro, objetos e animais para montaria;
2 Assassinato do comerciante Manoel Rodrigues de França, nesta cidade, por recursar-se a entregar dinheiro aos cangaceiros;
3 Incêndio das casas comerciais JÀZIMO & PINTO e JÀZIMO e CIA, ocasionando prejuízos materiais de grande monta;
4  Assalto aos estabelecimentos dos Senhores Elpídio Câmara e João de Deus Ferreira Pinto, de onde extoquiram dinheiro e mercadorias;
5 Na zona rural, invadiram as residências de Antonio Manoel de Sousa, Joaquim Pereira e João Fran-cisco de Oliveira dos quais exigiram dinheiro, sob a mira de armas de fogo;
6 Arrombamento da Agência de Rendas Estaduais, cujos documentos e livros foram queimados;
7 Arrombamento, à bala, da residência de Luis Ferreira Leite, nesta cidade, sócio e correligionário de Francisco Pinto, no qual deveria ser aplicada uma surra e cortada uma orelham ordem recebida do Agente da empreitada, Décio Albuquerque, pelo executor do abominável plano, Massilon Leite. Foi poupado desse rigoroso castigo, segundo dizem por ter dado a Massilon, boa quantia em dinheiro e joias.
8 Destruição das instalações da Agência dos Correios e Telégrafos, com ameaças ao funcionário en-carregado da mesma, em cujo recinto foram disparadas armas de fogo;
9 Arrombamento do Quartel da Polícia e Cadeia Pública tendo os cangaceiros se apoderado de armas e munições ali existentes, e libertado todos os presos.

Desta cidade os cangaceiros se retiraram pela manhã do mesmo dia 10, entre as nove e dez horas, rumo ao distrito de Itaú, neste município. Ali saquearam os estabelecimentos comerciais dos cidadãos Manoel Moreira Maia, Pedro Maia Pinheiro, João Alves Maia e as residências dos Senhores João Batista Maia e Paulino Pereira do Carmo.

Eis aí, em resumo, o que foi a sanguinária pilhagem do Apodi, no dia 10 de maio de 1927, arquitetada por elementos sedentos de vingança de crimes. Este foi um capítulo de nossa história política, que ficará na memória de nossa gente, como o mais ignominioso atentado aos nosso costumes e às nossas tradições de povo ordeiro e cristão. Assaltada de surpresa, a cidade não teve condições de reagir ao premeditado ataque, sob o comando do temível Massilon, famoso pelas suas façanhas na história do crime e banditismo no Nordeste, onde se criou na época, um ambiente propício ao cangaceirismo.

Os ânimos serenaram e houve um período de relativa calma. Porém as marcas e os resquícios daqueles dramáticos acontecimentos, permaneceram vivos nos espíritos de muitos, sempre sequiosos de represálias. O movimento revolucionário de 1930 veio reavivar os graves acontecimentos do passado. Não só em Apodi, mas em todo o Rio Grande do Norte, o panorama sofreu radical transformação, com o advento da revolução vitoriosa de 1930. Iniciou-se então, neste Estado, o mais revoltante período de hostilidade e humilhações contra adversários políticos decaídos. Com a vitória da revolução, a família Pinto em Apodi perdeu o mando político e administrativo, conquistando o poder em 1935 com a vitória do Partido Popular.

Realmente, a revolução de 1930 não cumpriu a missão a que se propuser. Os seus princípios, seus postulados e ideais, que serviram de alento àquela arrancada cívica, caíram por terra ou foram esquecidos. Prevaleceu, acima de tudo, a vontade dos oportunistas, que a todo custo, queriam escastelar-se no poder, à sombra do governo revolucionário.

Instalou-se então no estado, o terrorismo político que tomou vulto a partir de 1933, com a designação do quinto Interventor Federal, filho da terra, nomeado presidente revolucionário, Getúlio Vargas.
“Incutira o novo governante em sua cabeça, a ideia de candidata-se à sua própria sucessão’’, na elei-ção que se aproximava para governador do Estado. A partir desse momento, e com o objetivo de ga-nhar eleitores e conquistar chefes políticos, o interventor pôs em jogo a máquina administrativa do Estado, desencadeando-se, então, a mais violenta e desastrosa campanha política de que se tem notícia no Rio Grande do Norte.

A série de atos de suborno, coação e violência, segundo os depoimentos da história, preparada pelo partido do governo, espalhou-se por todos os recantos do Estado. Nenhum município ficou livre das arbitrariedades que atingiram o Rio Grande do Norte em todas as direções, sob a conivência das autoridades governamentais.

Ao aproximarem-se as eleições de 14 de outubro de 1934, em plena campanha política, contingentes policiais, foram deslocados para cidades, vilas e povoados, com a finalidade de coagir os adversários do governo, generalizando-se o pânico e o medo entre as populações. Populações que se dividiam em duas facções partidárias: o Partido Popular, de oposição ao governo, e Aliança Social ou Liberal, partido governista. Perrespista ou perré, era a denominação dada ao partidário da oposição, liberal ou Pela-Bucho, era o correligionário do governo ou a pessoa filiada à Aliança Social.

À proporção que se aproximava o dia das eleições, a onde de crimes aumentava assustadoramente, sob as mais diversas formas. Prisões ilegais, espancamentos de adversários do governo. Assassinatos eram presenciados a todo instante, ficando os criminosos livres de qualquer punição.

Em Apodi, onde o chefe político Francisco Ferreira Pinto, liderava a corrente de oposição ao governo, as perseguições políticas alcançaram o seu ponto culminante. Sucediam-se as prisões, intimidações a adversários do partido governista, surras e ameaças de toda ordem. O esquema de opressão posto em prática, estarrecendo a opinião pública, não se limitou apenas às agressões físicas e desmoralizadoras, pelos agentes do partido revolucionário, de que foram vítimas chefes políticos de prestígio e respeito.

O processo de violências a todo momento, amedrontando as famílias e eleitores oposicionistas. Acontecimentos de maior gravidade começaram a surgir em diversos municípios do Estado, o assassi-nato de chefes políticos do Partido Popular. Isto devia fazer parte do plano preestabelecido, com o objetivo de aterrorizar o eleitorado e afastá-lo do pleito que se aproximava.

Incluído na lista negra da Aliança Social, comandada neste município pelos senhores Luis Ferreira Leite e Benedito Dantas Saldanha, estaria o líder Francisco Ferreira Pinto, ou Chico Pinto, como era chamado, praticado às caladas da noite, teve grande repercussão em todo o Estado, principalmente no sei do Partido Popular, onde o falecido gozava de elevado conceito. Era um dos chefes políticos de maior prestígio desta região. Não só pela expressão do colégio eleitoral que comandava, mas também pela sua personalidade. Desenvolveu no município intensa atividade político-partidária, ao lado de João Jázimo de Oliveira Pinto e João de Brito Ferreira Pinto, tendo sido eleito Prefeito Municipal e Deputado à Assembleia Legislativa Estadual.

Os métodos postos em prática pelo Governo e seus partidários, com a finalidade de ganhar a eleição, não arrefeceram o ânimo dos eleitores populistas, que se mantiveram firmes nos momentos mais difí-ceis, quando sofriam as mais absurdas perseguições. A eleição de 14 de outubro de 1934, deu ao Partido Popular a mais consagradora vitória. Com a eleição Dr. Rafael Fernandes ao Governo do Rio Grande do Norte, pela Assembleia Constituinte, o Estado voltou à sua normalidade. A paz voltou a reinar entre as famílias potiguares.

Fonte: Apodi, Sua História - Válter de Brito Guerra (2000)

Olhar perdido - Paulo Filho Dantas

“Esse olhar penetrante
Que fita um olho só,
Esquecendo outra visão,
Apagando mais a escuridão
Cegando forte tal nó
A derramar bolha flutuante
Incolor, inodora, imatura,
Matando o soluço do beijo
Ao cair duas bocas ao desejo
Que murmuram em ânsia, em secura

Esse mesmo olhar
Paralisa os sentimentos
Fazendo florescer a magia
É doce que contagia
Clássico som aos ouvidos,
Cantando a declamar
Declarações tão lindas
Sem sofreres ou angárias,
Sem pudores ou injúrias
Puras, suaves, infindas

O olhar que eu quero,
Que sonho e me envolve
Que faz-me soltar a voz
E em clamores contemplando a vós
Ao hipnose olho que absorve,
À explosão do amor venero,
A energia total do ser
Constituída em alma marrom
Esconde a essência do viver

Um olhar vazio perdido
Um olhar moreno trigueiro,
Um olhar mister marinho,
Um olhar profundo retino,
Um olhar misterioso certeiro,
Um olhar azul que olha ,
Um olhar verde que diga
Um olhar frio que marca
Um olhar tépido que abraça,
Um olhar mel que castiga’’.

Poesias do livro: Caminhos do Meu Ser

sábado, 20 de julho de 2013

O antigo quarteirão de prédios do Coronel Lucas Pinto


CORONEL LUCAS PINTO.


Antigos imóveis comerciais que formam um quadrilátero, popularmente conhecido como QUARTEIRÃO, cujos lados compreendem as Ruas Margarida de Freitas, Coronel João de Brito (Em frente ao Mercado Público), Benjamin Constant e Manoel Coriolano. 

Até o ano de 1927 os prédios que se situam em frente ao Mercado Público sediavam a grande Casa Comercial "JÁZIMO E PINTO", com estoques de várias mercadorias, lotando estes prédios de uma esquina a outra, cujo centro comercial pertencia aos Coronéis João Jázimo de Oliveira Pinto e seu primo e genro Coronel Francisco Ferreira Pinto. Tinha como vendedores balconistas os Srs. Francisco Cabral da Costa (Pai de Zé Cabral, dos Correios), Luís Leite e Lucas Pinto. 

Quando o Coronel JOÃO JÁZIMO faleceu, no dia 30 de março de 1927, aos 71 anos de idade, o controle econômico desta Casa Comercial passou ao seu genro Coronel Francisco Pinto, nascendo daí, segundo afirmava o Sr. Francisco Cabral da Costa, intenso processo de inveja do Sr. Luis Leite, que era parente e compadre de Chico Pinto. Com o assassinato do Coronel Francisco Pinto, ocorrido a 02 de maio de 1934, a mando dos Srs. Luiz Leite e Tilon Gurgel, o Cel. Lucas Pinto comprou estes imóveis à viúva Dona Maria Salomé Diógenes Pinto.

Do ano de 1950 até o final da década de 70 (1970) estes imóveis foram alugados aos seguintes comerciantes: Nos prédios situados defronte ao Mercado Público, na Rua Coronel João de Brito: Na esquina das ruas João de Brito com a Margarida de Freitas era a Loja de Tecidos do Sr. JOÃO CUSTÓDIO DA SILVA, filho do paraibano de Catolé do Rocha-PB radicado em Apodi Sr. Manuel Custódio da Silva e da também paraibana Raimunda Nogueira Dantas. Vizinho ao Sr. João Custódio era a Loja de Tecidos do Sr. JOSUÉ CÂMARA, que por sua vez tinha como vizinho o seu irmão JOEL DA COSTA CÂMARA (Joel Câmara). A seguir era a Loja de tecidos do Sr. VALDEMIRO CUSTÓDIO DA SILVA, irmão de João Custódio e pai de ZÉ Vandilson, Vilson e outros filhos. Vizinho era a esquina, onde Dotô Nêgo instalou venda de café e bolos, mais conhecido como sendo o "Café de Dotô Nêgo". Nesta esquina instalou-se depois o Sr. Raimundo do Café, sendo certo que este imóvel pertence atualmente à viúva de Raimundo do Café, que mudou de ramo, instalando uma pequena mercearia


Na Rua Benjamin Constant o primeiro imóvel pertencia ao velho FÉLIX SOARES, avô do Fiscal de Rendas João Soares, que por seu falecimento, dito imóvel foi adquirido por Lucas Pinto, que o alugou ao Sr. AURINO GURGEL, que por sua vez comprou aos filhos do Coronel Lucas Pinto, quando este faleceu no ano de 1981. A mercearia de Sêo Aurino Gurgel era sortida de um quase tudo. Vizinho ao Sêo Aurino Gurgel era a Mercearia dos Srs. CHICO DO BIGODE, também conhecido como CHICO DO CASADO, e CHICO DO CANTO, conhecido popularmente como CHICO PAIZINHO. Na esquina situava-se o Mercadinho do Sr. Raimundo Monteiro, conhecido como Raimundo de Elias Monteiro, cujo Mercadinho ficava com a lateral na Rua Benjamin Constant e com a frente para a Rua Manoel Coriolano, que tinha como vizinho o Cel. Lucas Pinto, que tinha como vizinho o Sr. Diocleciano Diniz, conhecido como Sêo Dioclécio do Sabão, casado com dona Nicinha, e que foram pais de Ledo, Saint-Clair, Lourdinha casada com Tião Pinto, Tota e outros. Sêo Dioclécio era dono de uma saboaria, sendo certo que também vendia fumo em rolos, do brejo paraibano. O imóvel alugado ao Sêo Dioclécio ficava na esquina das Ruas Manoel Coriolano (parte da frente) e Margarida de Freitas (lateral). Este prédio de Sêo Dioclécio fora alugado anteriormente ao Sr. Raimundo Sansão, que instalara-se com uma mercearia.

 

Os prédios situados na Rua Margarida de Freitas foram alugados aos Sr. Zé Urbano, cujo imóvel era um pequeno quarto, onde o mesmo vendia fumo em rolo. Vizinho era a mercearia do Sr. JOÃO DE JOÃO TITO, primo de Lucas Pinto. Este prédio depois foi alugado à Senhorita SALIZETE BEZERRA, cujo imóvel pertence atualmente a duas irmãs de Salizete, por falecimento desta, que continuam explorando o mesmo ramo comercial de aviamentos e produtos de beleza.


Nestas relembranças, fica o registro para os anais da história comercial do antigo QUARTEIRÃO DO CORONEL LUCAS PINTO.

Texto de Marcos Pinto
Copiado do: Blog Potyline

Sorria - Paulo Filho Dantas


“É quando você fica só
Por desejar a solidão,
Que surge efeito dominó
Atingindo seu coração.

Levando a cabeça ao espaço,
O corpo em tremedeira
E a mente num embaraço
Espreitando a derradeira.

Hora do suspiro final,
O espírito leve, desigual
Vai voando em alforria

Seja qual for o problema
Por mais difícil dilema
Não fique triste e sorria’’.

Poesias do livro: Caminhos do Meu Ser
Cedido por Paulo Filho Dantas

sexta-feira, 19 de julho de 2013

CHCTPLA: Visita a Boca da Mata

CENTRO HISTÓRICO-CULTURAL TAPUIAS PAIACUS DA LAGOA DO APODI- CHCTPLA 

CNPJ 18.218.241/0001-77 
FUNDAÇÃO: 07 DE FEVEREIRO DE 2013 

Documentário da visita ao Sitio Boca da Mata, antiga Serra da Picada. Foi realizada dia 07 de Julho de 2013. 
Responsáveis: Lucia Tavares, Marcos Pinto, Genildo, Isaac Tarcio e Raimundo Torres.
Objetivo: Visitar descendentes dos Tapuias Paiacus que estão em todas as regiões do município de Apodi-RN.

Residência de Rosimar Silva - conhecido como Pajé.

Encontro com Rosimar Silva, o Pajé e sua família.

Uma breve conversa que tivemos com o Rosimar Silva- o Pajé. Assunto: Os Tapuias Paiacus do Apodi, um pouco de sua História, Cultura e os remanescentes existentes em todas as regiões do Apodi. Conversamos também sobre o Papel do CHCTPLA.

O Rosimar da Silva- O Pajé e sua família- esposa e 6 filhos. Pelas características, não existem dúvidas, realmente estamos, a cada dia que passa, seja nas ruas da cidade, seja nas visitas as localidades, atendendo os convites que nos são feitos, estamos diante dos Tapuias Paiacus em pleno Século XXI

Lucia Tavares, Rosimar da Silva e sua família.

Professor Raimundo Torres, Rosimar da Silva e sua família.

Da direita para esquerda- Isaac Tarcio, Rosimar Silva e sua família.

Informamos que o Centro Hisóírco-Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi, tem como um dos objetivos, resgatar a História dos nossos Tapuias Paiacus. Estamos fazendo isso como muita determinação, dentro de nossas limitações e possibilidades, claro.

Documentário retirado do face de Lucinha Tavares