segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Joaninha de Benvinda - professora

JOANA ESTER SOARES, nasceu nesta cidade, no dia 10 de fevereiro de 1904 e aqui faleceu em 27 de outubro de 1961, depois de mais de 30 anos dedicados ao ensino particular. Era filha de Benvinda Maria da Conceição, também natural de Apodi. Estudou com a professora Natércia Leite, cujo preparo é ainda hoje relembrado, por essas pessoas que na infância frequentaram sua escola.

Joaninha de Benvinda, como era chamada, foi uma professora abnegada, que viveu sem visar recompensas pelo valiosos serviço que prestou à comunidade, ensinando durante largo espaço de tempo nesta cidade.

Não frequentei a sua escola. Talvez tenha sido eu, um dos raros meninos, na época, que não se sujeitou à temível palmatória da energética professora. Mas fui um frequentador da casa de sua velha mãe, como freguês de sua venda de doce. E ali, da mesa onde fazia o lanche, podia observar como funcionava as aulas de Joaninha, cujo mobiliário era bastante modesto. Uma velha mesa, dois bancos e alguns tamboretes, compunham o ambiente da sala de aula.

Era uma bairrista extremada na defesa de sua terra, não admitindo críticas ao Apodi na sua presença. Certa vez, teve um ligeiro desentendimento com o Vigário, o qual fazia algumas observações sobre certos costumes da terra, para ela injustificáveis. Mas logo fizeram as pazes. Voltaram às boas.

Com sua saúde já abalada, sem condições de desenvolver as mesmas atividades dos aos anos anteriores, a Prefeitura Municipal, com muita justiça, concedeu uma subvenção para sua escola.

Fora dos afazeres da escola, tinha suas manias. Costumava, nas horas vagas e dias de folga, visitar casas de pessoas de sua relação de amizade, onde procurava inteirar-se dos acontecimentos cotidianos da cidade, costume que adquiriu desde a infância.

Empenhava-se, constantemente, em conhecer detalhes de fatos ocorridos na comunidade, que dissessem respeito à vida particular das pessoas, principalmente, das mais influentes, quando cometiam deslizes, de modo a merecer críticas e comentários.

Ficou conhecida com a mais enérgica professora particular nos últimos tempos em Apodi. O regime adotado na sua escola era dos mais rigorosos. Dentro e fora do ambiente escolar, Joaninha imprimia respeito e medo a seus alunos, repreedendo-os onde quer que os encontrassem.

Como castigo usava a palmatória e outros meios (cascudos, puxavante de orelha, beliscão...) para fazer valer sua disciplina, que tinha de ser rigorosamente cumprida. Aí do aluno que desrespeitasse sua lei, seu estilo. A punição era imediata, e, às vezes, com excessiva rigorosidade.

Não tinha dotes culturais nem pedagógicos. Mas lhe sobrava capacidade para instruir seus alunos na leitura a ponto de deixá-los em condições de executar as quatro operações de conta, escrever e ler cartas.

O argumento sempre temido pela maioria dos alunos, era “o prato da semana’’. A velha palmatória se encarregava de corrigir os erros dos mais atrasados.

De ar severo, ríspida nos diálogos, Joaninha não dispensava nenhum gesto afetuoso a seus alunos. Não possui esse predicados de ternura e carinho às crianças

Combatida e criticada por alguns, pela rigorosidade de seus métodos e o exagero na aplicação do castigo. Joaninha era ao mesmo tempo elogiada por outros, que aplaudiam seu sistema de ensinar, vendo nele a necessidade para o melhor aproveitamento do aluno.

De fato, menino que frequentara escolas e nada aprendera, só lhe restava como remédio, as aulas de Joaninha. Escola e casa de correção, ao mesmo tempo, para menino indisciplinado. Ai, aprendia ou passava por duros castigos, porque, realmente, a coisa era séria.

Assim foi Joaninha de Benvinda e sua escola, onde estudaram apodienses que hoje desfrutam de posições de destaque na vida social, administrativa e política.

Joaninha de Benvinda foi um exemplo de trabalho constante, num itinerário difícil e cheio de sacrifícios, prestando à terra relevantes serviços no campo de instrução. Ensinou de acordo com os métodos que vigoravam na época.
Fonte: Copiado do Livro Apodi, Sua História (Válter Guerra).

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