sexta-feira, 25 de outubro de 2013

História das Famílias Valentim e Tobias - Afrodescendência em Felipe Guerra e Apodi - Por Marcos Pinto

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DAS FAMÍLIAS VALENTIM E TOBIAS - AFRODESCENDÊNCIA EM FELIPE GUERRA E APODI.

Os documentos oficiais trazem em seu bojo a história da colonização e povoamento dos sertões do Apodi,com a importante contribuição do elemento negro de origem africana, compondo o grupo familiar NOGUEIRA FERREIRA,comandada pelo Sargento-Mór de Entradas Manoel Nogueira Ferreira, que fez o povoamento inicial das férteis terras do território Apodiense. O celebrado historiador Apodiense NONATO MOTA nos dá notícia da importante contribuição do escravo negro africano, no combate à indiada tapuia paiacus, facilitando assim a fixação do elemento branco no tão almejado solo, fincando currais e estabelecendo seu feudo territorial. Afirma NONATO MOTA, que no dia 09 de Agosto de 1688 os NOGUEIRAS e ESCRAVOS deram combate na lagoa "Apanha-Peixe" aos índios Paiins, aliados aos Paiacus. Batidos, os Nogueiras fugiram vergonhosamente para o Jaguaribe, deixando mortos nos campos de batalha os bravos irmãos João Nogueira e Balthazar Nogueira. (FONTE: "NOTAS SOBRE A RIBEIRA DO APODI" - Nonato Mota. Coleção Mossoroense, Série C - Número 602 - Ano 1989)

Considerável parcela da população de Apodi e de Felipe Guerra tem origem em escravos africanos, as conhecidas FAMÍLIAS AFRODESCENDENTES. Dentre estas, destacam-se as famílias VALENTIM e TOBIAS, espalhadas em terras dos sítios "Brejo", "Boqueirão", "Mirador" e "Arapuá". A conhecida família Afrodescendente TOBIAS vem do ex-escravo TOBIAS AUGUSTO DE FREITAS, filho natural da escrava LEOCÁDIA, nascida no ano de 1817, no sítio "Ponta", em Apodi, pertencente ao Capitão Vicente Ferreira Pinto (0 1º). Tobias faleceu de estupor no sítio "Brejo" em 12 de Agosto de 1906, aos 52 anos de idade. Era casado com Maria de tal, e deixou os seguintes filhos:

 F.01- JÚLIA  MARIA DA  CONCEIÇÃO -  35 anos  de  idade -  solteira.
 F.02- BENEDITA  MARIA DA  CONCEIÇÃO - 33  anos  de  idade - solteira.
 F.03- JOANA  MARIA DA  CONCEIÇÃO - 30  anos de  idade -  solteira.
 F.04- FRANCISCO  TOBIAS  -  25  anos  de  idade  -  solteiro.
 F.05- JOSÉ  TOBIAS  -  21  anos  de  idade  -  solteiro.
 F.06- MARIA  TOBIAS  -  15  anos  -  solteira.
 F.07- JOAQUIM  TOBIAS  -  13  anos solteiro
  Composta  por  bravos  homens  e  mulheres  afeitos  aos  trabalhos  da  agricultura, a  família  VALENTIM  tem origem em  um  relacionamento  amoroso  entre  o  fazendeiro  JOSÉ  VALENTIM  DE  OLIVEIRA  e  sua  escrava  HERCULANA  JANUÁRIA  DO  ESPÍRITO  SANTO, nascida  no  ano  de  1846, filha  natural  da  escrava  TEREZA (Crioula) nascida  no  ano  de  1825  e  que  era  aleijada  de  um  braço, ambas  escravas  do  casal   Antonio  da  Costa  Monteiro  e  Ana  Quitéria  do  E. Santo,    proprietários  no  sítio  "Santa  Rosa", no  lugar  denominado  "Poço  de  Pedras", município de Apodi. Herculana faleceu acometida por Asma, no sítio "Mirador", à época pertencente ao município de Apodi, a 05 de Agosto de  1906, aos  60  anos  de  idade, deixando os seguintes filhos:

F.01- PEDRO VALENTIM DE OLIVEIRA - Nasceu em 1860. Casou com Maria Alexandrina da Conceição, da família Carneiro, situada na várzea do Apodi. Com descendência dos seus filhos Pedro Valentim Filho e Cassimiro Valentim de Oliveira em Apodi. 
F.02-CLEMENTINA MARIA DA CONCEIÇÃO - 28 anos de idade. Solteira.
F.03- MANOEL VALENTIM DE OLIVEIRA -27 anos. Casado com Valeriana Alexandrina.
F.04- MARIA MARCELINA DA CONCEIÇÃO - 25 anos - solteira.
F.05-  JOSÉ  VALENTIM  DE  OLIVEIRA  -   26  anos.  Solteiro.

Há um manancial de documentos cartoriais que subsidiam os estudiosos da história das famílias que tiveram origem africana. Mesmo tendo sido queimados os livros de registro dos escravos, com seus números de matrículas, por insana determinação do então Ministro da Justiça Rui Barbosa, ainda tem como serem resgatadas as suas histórias e origens em livros de batizados das Igrejas-Matrizes, bem como dos inventários que ainda restam nos arquivos-mortos dos antigos Cartórios Judiciários. Há 36 anos venho compulsando subsídios para a história das famílias afrodescendentes de Apodi, Felipe Guerra, Severiano Melo e Itaú.

Trabalho que requer paciência e dedicação nas pesquisas encetadas nos documentos cartoriais e da Igreja-Matriz de Apodi. Sugiro aos alunos destas cidades citadas, que estão concluindo o bacharelado em História,que façam suas monografias com o tema da afrodescendência no oeste potiguar. Tenho em meu acervo um livro imprescindível para quem envidar pela pesquisa da afrodescendência, cujo livro tem o título "ESCRAVOS DA RIBEIRA DO APODI SOB A ÓTICA DOS INVENTÁRIOS", Autora: Maria Goretti Medeiros - Coleção Mossoroense - Volume 844 - Natal - 1995.

Por Marcos Pinto - historiador
Do blog Potyline de Antonio Praxedes Filho

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