SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO "SÍTIO JOÃO DIAS".
No contexto dos tipos de povoamento rural, o "Sítio JOÃO DIAS" está inserido na modalidade denominada de FAZENDA ISOLADA. Na vastidão territorial do famoso e fértil VALE DO APODI, está localizado na região Sul. O primeiro proprietário destas terras foi o Sr. JOÃO DIAS GONÇALVES, natural de Natal, onde nasceu a 21 de Agosto de 1676.
Em um dos livros de registro das famosas "DATAS DE SESMARIAS DO RN", consta a concessão feita ao João Dias, feita no dia 26 de Julho de 1706, dando-lhe terras medindo três léguas de comprimento por uma de largura, situadas entre os rios Apodi e Umari. Foi um dos muitos privilegiados no favorecimento das doações de terras, posto que, antes de ganhar a concessão destas terras Apodienses, já havia recebido outra doação em 13 de Junho de 1706, na mesma medida de três léguas de comprimento por uma de largura, localizadas entre as tribos de índios tapuias paiacus e canindés, da nação indígena Janduís ou Janduins.
Nestas terras encontra-se encravado o atual município e cidade de nome JOÃO DIAS. Vê-se, pois, que JOÃO DIAS assumia a condição de autêntico latifundiário, com a posse e domínio de seis léguas de terras, situadas entre rios, fator principal para a fixação do povoador inicial - o conhecido HIDROTROPISMO. Analisando-se a cronologia das concessões do sesmeiro JOÃO DIAS, constata-se que da primeira concessão para a segunda, que é a das terras do SÍTIO JOÃO DIAS, passaram-se apenas um mês e dez dias.
Diante a constatação de que o sesmeiro JOÃO DIAS optou em povoar as terras do atual município e cidade de João Dias, e da inexistência de descendentes seus nas terras que lhe foram doadas em Apodi, restam as seguintes perguntas: Teria João Dias abandonado suas terras no Apodi? Teria vendido as mesmas? Teria deixado algum vaqueiro seu como preposto, "tomando de contas" das ditas terras? Teriam os índios forçado a debandada do João Dias ? Estas dúvidas conduzem a certeza da necessidade de se efetuar uma minuciosa pesquisa no arquivo morto do 1° Cartório de Apodi, principalmente no livro de registro das escrituras dos sítios e fazendas do Apodi.
A última hipótese está praticamente descartada, dado o perfil comportamental do mesmo, tido como "Um homem dotado de larga experiência e vasto conhecimento das caatingas da região Oeste potiguar. Destemido como desbravador sertanejo. Era mateiro, caçador, rastejador, manejador de facão. Foi fundador de várias posses, atirador de bacamarte, homem forte e insubistituível de uma coragem sem par". O certo é que deixou seu nome imortalizado como referencial toponímico em Apodi, e como patrono do município e cidade de João Dias-RN, município encravado na mesorregião do Oeste potiguar, criado em 19 de Agosto de 1963, desmembrado do município de Alexandria.
Em uma das inúmeras pesquisas efetuadas nos antigos inventários do arquivo morto do 1º Cartório Judiciário de Apodi encontrei o inventário de um dos primeiros proprietários deste sítio, na pessoa do Sr. Antonio Ferreira de Azevedo, falecido no dia 10 de Abril de 1832, deixando a viúva Senhorinha Lucas de Jesus e o filho João Ferreira de Vasconcelos, nascido no ano de 1819. Em pesquisa de campo, constatei que a maioria das terras do "Sítio João Dias" pertencem atualmente às famílias PEREIRA DA COSTA e PEREIRA GURGEL. Segundo o Sr. Joel Pereira do Amaral, nascido neste sítio, e residente na cidade de Apodi, à rua Marechal Floriano, o seu falecido genitor comentava que este João Dias não havia deixado descendentes como proprietários destas terras.
O bravo Entradista e sesmeiro JOÃO DIAS GONÇALVES faleceu no ano de 1767 aos 81 anos de idade. Encetarei mais pesquisas para seguir as pegadas históricas deste emblemático sertanejo de fibra e de arrojo.
Por Marcos Pinto - historiador apodiense
Do blog de Antonio Praxedes Filho - Potyline
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