domingo, 20 de outubro de 2013

Sítio Lagoa do Clementino - Comunidade


COMUNIDADES APODIENSES

Referência toponímica muito antiga, atrelada à pessoa de CLEMENTINO DE GÓIS NOGUEIRA, que nasceu no sítio "Garrafa", na várzea do Apodi, por volta do ano de 1805, filho legítimo de JOÃO DE GÓIS NOGUEIRA e de MARIA DA PAZ BARROSO. Adquiriu ditas terras por herança paterna. Esta gleba de terras é conhecida popularmente como sendo a "Lagoa do Quelementino", corruptela sertaneja do nome Clementino, já deveras enraizado no conhecimento dos antigos comboeiros que por aí passavam, trilhando o primeiro caminho da CHAPADA DO APODI, cuja serra teve a primeira denominação de "SERRA DA PICADA",

Essa localidade rural fica encravada entre os sítios "CANTO DE VARAS" e "SOLEDADE". Clementino era componente da aberta pelos facões dos bravos homens que compunham a família NOGUEIRA FERREIRA,fundadora e colonizadora de Apodi.
quarta geração descendente da brava fundadora ANTONIA DE FREITAS NOGUEIRA e de seu segundo marido MANOEL DE CARVALHO TINOCO, com quem casou em Apodi no ano de 1681. Pesquisando antigos processos-crimes do 1º Cartório Judiciário de Apodi, verifiquei vários em que o Clementino aparece como réu, cujos processos tinham como objeto desde a prática de lesões corporais, até a prática de tentativa de homicídio, como autor intelectual. Esse processo foi o que motivou sua mudança de domicílio para Mossoró, no ano de 1850. Esse crime teve origem numa rixa originada no ano de 1847 entre o Sr. José Francisco das Chagas Jaqueira, então fiscal de Pesos e Medidas, por ter este dado uma pancada no Clementino, motivado por uma articulação que tiveram por via de fiscalização de medidas. Desse incidente nasceu o atentado à vida do Jaqueira (Genro do rico fazendeiro Caetano Gomes de Oliveira, dono da maior parte da fazenda "Santa Rosa"), ocorrido por volta das 19 horas do dia 08 de Março de 1848 - Quarta-Feira de cinzas. O Sr. Jaqueira se encontrava sentado à porta de sua residência, localizada no "Quadro da Rua", quando foi vítima de um tiro disparado pelos elementos Francisco Ferreira Capanema e Elziário de tal, contratados por Clementino e seus irmãos Bernardino de Góis Nogueira (Bisavô materno do Prof. Robson Lopes) e Antonio de Góis Nogueira, para tal empreitada.

Instaurado o competente processo-crime, o réu BERNARDINO DE GÓIS NOGUEIRA assumiu a condição de mandante do crime, tendo sido submentido à julgamento pelo Tribunal Popular do Júri em 05.08.1853, tendo sido condenado à pena de 37 meses e dez dias de prisão simples. Quanto ao Clementino, já no ano de 1856 destacava-se como um dos principais comerciantes da praça de Mossoró, tendo neste mesmo ano sido eleito suplente de Vereador para o período 1857-1860 (Vide livro "LEGISLATIVO E EXECUTIVO DE MOSSORÓ, numa viagem mais que centenária. - Coleção Mossoroense - Vol. CCLXXXVII - Ano 1985 -
Autor: Raimundo Soares de Brito).

Em Mossoró, Clementino construiu um imponente casarão senhorial com suntuoso andar superior, construído na Rua 30 de Setembro, disputando a primazia com o opulento comerciante Joaquim Nogueira da Costa, Aracatiense radicado na praça de Mossoró, que construiu o primeiro prédio assobradado na cidade. O imponente sobrado do Clementino serviu de esconderijo para o famoso "Cangaceiro romântico" JESUÍNO BRILHANTE, sempre que este se dirigia à Mossoró, onde contava com a eficaz e coiteira hospitalidade do seu amigo pessoal Clementino. Em 1904 o Clementino resolveu investir seu capital no Amazonas,onde faleceu vitimado pela temível febre amarela. A sua esposa Umbelina de Góis Nogueira faleceu em Mossoró a 27.03.1914, aos 80 anos de idade, tendo uma prole de 14 filhos. Este famoso sobrado do Clementino foi vendido no ano de 1924 pela única filha sobrevivente Francisca de Góis Nogueira, ao Apodiense o intelectual JOSÉ MARTINS DE VASCONCELOS. Atualmente este prédio pertence aos netos de Martins de Vasconcelos
.
As terras que circundam a "LAGOA DO CLEMENTINO" foram abandonadas pelo Clementino ainda no ano de 1850, sendo certo que ficaram conhecidas como sendo "terras devolutas", sem dono, o que ocasionou a efetivação de posse por muitos Apodienses, no que o agropecuarista Aristides Ferreira Pinto comprou a maior parte das terras que englobava a lagoa, a alguns posseiros, e Izauro Camilo comprou a outra parte desta gleba. O Sr. Raimundo Maia Pinto, filho do Sr. Aristides Pinto doou, no ano de 2006, 50 hectares desta gleba, para edificação e instalação do IFRN.


Postado por Antonio Praxedes no blog Potyline
Marcos Pinto - historiador apodiense 

Nenhum comentário:

Postar um comentário