domingo, 26 de maio de 2013

As mudanças de comportamento no Apodi

As transformações verificadas nos últimos sessenta anos, na vida da sociedade apodiense, nos diversos aspectos do seu comportamento foram, de um modo geral, bastante acentuadas. 

Sobre o comportamento da família, em si, encontramos sensíveis diferenças no que diz respeito aos preceitos de obediência, de religião e da moral. Com relação aos pais, por exemplo, o hábito de o filho pedir a benção, atualmente, é coisa quase desconhecida, principalmente quando os jovens se aproximam da maioridade, Filhos fumar diante dos pais, antigamente era grande falta de respeito e um pecado na opinião de todos. Raríssimo o filho, que hoje, respeita este preceito. Ir a qualquer diversão sem avisar os pais, sem autorização, não era permitido. 

E quando para isto se ausentava, tinha hora marcada para retornar a casa. Moça ir a um baile sozinha, nem pensar. Impreterivelmente era acompanhada de uma pessoa de confiança, que a vigiava constantemente, apesar de o baile realizar-se em casa de família (particular), como era costume. Antes e deitar-se à noite para dormir a criança era obrigada a rezar diante da mãe e em seguida, pedir a benção. 

O mesmo ritual era feito pela manhã, ao levantar-se. Atualmente estes hábitos são muito raros. É um costume praticamente desaparecido. Com relação aos sentimentos de respeito às tradições religiosas, e dando uma olhadela para o passado, lembramo-nos de que beijar a mão do vigário era o respeito que ele imprimia à população. A benção do vigário era rigorosamente pedida por todos. Constitua uma forma de receber o conforto espiritual. 

A confissão particular e a comunhão eram atos de fé, devoção, praticados com muita confiança e religiosidade. Adota-se as confissão comunitária. As promessas feitas em público, naqueles tempos, com a esperança de obter graças ou milagres são atualmente, práticas raras. Ainda existem na Igreja – Matriz de Apodi, os cofres de Nossa Senhora da Conceição, de São João Batista e o cofre das almas, onde as pessoas colocam esmolas na intenção e com a fé de obterem graças para o alivio de males e sofrimentos.

O ato de colocar no cofre das almas ou dos santos uma moeda (esmola) traduz; simplesmente a fé, o desejo às vezes desesperado de alcançar uma graça, de ser amparado na hora da aflição. Apenas isto. A doação significa, na realidade, um pedido ao santo protetor.

Os trajes das mulheres, na igreja, no passado, tinham que ser muito discretos. Vestido comprido, abai-xo do joelho, sem decotes, véu, era assim que devia apresentar-se na casa de Deus, como exigia o velho sacristão da igreja do Apodi, Manoel José Dantas, de saudosa memória. 

Lembro-me de um vigário da paróquia de Apodi que não aceitava de bom grado na missa de quarta-feira de cinza, pessoas que tivessem brincado o carnaval. Pelo mesmo motivo não dava cinzas a essas pessoas
.
Todos esses sentimentos, preceitos e usos como símbolos da fé e da crença em Deus e nos santos, estão quase todos os sepultados, esmagados pelas transformações modernas, que abriram os cami-nhões dos vícios e da desagregação da família.

Fonte: Apodi, Sua História - Válter de Brito Guerra

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