Desafia o vaqueiro aboiador
Em estiagem que resseca
O solo e a vida do cantador
Tirando o verso do pensamento
Compõe rimas e prosas do amanhã,
Repentes e prosas dedilhadas
Lembrando augúrios da acauã
A noite sertaneja é repleta
Pela lua amarelada onipotente
E ao som dos bichos do mato
Além do remido versal presente
A caatinga já estorricou
Preás, mocós e tejus fugiram,
No nordeste faz escura
Das chuvas que ainda não caíram
Cadê o meu mandacaru?
Esqueci minha sina derradeira
Sertão nordestino seco e “brabo’’
És uma verdade verdadeira
Os cabras daqui têm um valor
Inestimável e incalculado
Regraram suas vidas pelo sol
Descansam e dormem acordados
Mas eu canto o nordeste
Que me perturba a cabeça
É de dia e de noite a lembrança
E à tarde ao menos que eu esqueça
Já não posso mais pensar
No regresso que sonhei
As cordas entoaram
Nos lugares onde eu andei
É tão ruim estar longe de casa
É tão bom aos amigos abraçar
É difícil querer e não poder
É mais fácil que se tentar
Essa sombra frondosa que abriga
O escasso gado magro da fazenda,
Árvore flertada pelo sol
Se no sertão chovesse era lenda
O voo da arribaçã faz miséria
Ao trazer uma estiagem prolongada
Ah, quem dera molhar essa terra
Para ela não ser maltrada
Chovendo de manso, de levinho
Toda água penetra e faz brotar
Uma lavoura pequena, mas vindoura
Gerando subsistência nesse lugar’’.
Copiado do: Caminhos do Meu Ser
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